Santo Antônio, o Santo sem Fronteira

13 de junho de 2017 Notícias


A vida deste santo tão querido foi marcada por muitos acontecimentos que tocam a sensibilidade cristã, especialmente do povo brasileiro, sobretudo no que diz respeito ao seguimento radical de Cristo e no cumprimento da sua Santa vontade. Santo Antônio nasceu provavelmente no verão de 1195, ao lado da Sé de Lisboa; no batismo recebeu o nome de Fernando de Bulhões. Ali cresceu e recebeu os sacramentos da iniciação cristã. Aos 15 anos, entrou para o Mosteiro de São Vicente de Fora, dos frades agostinianos, e mais tarde completou a sua educação em Santa Cruz de Coimbra, também da mesma ordem. Em Portugal aprendeu da cultura clássica lusitana a sua natureza curiosa, e o seu ardente desejo de aprender das sagradas escrituras o levou a estudar a sagrada teologia com tanto esmero. Talvez este profundo amor às Sagradas Escrituras impulsionasse o jovem Antônio nos sermões teológicos –, uma obra clássica e eminente que vale para todos os tempos, sempre atual em seus ensinamentos proféticos.

Santo António de Lisboa pertence ao número dos santos sem fronteiras. Lisboeta e Português de sangue, percorreu o mundo afora ainda jovem, com o desejo de evangelizar os infiéis. Depois de conhecer o testemunho dos frades de São Francisco que passavam por Portugal, vindos das missões de Marrocos, o jovem agostiniano sentiu vir à tona seu espírito missionário e não hesitou em seguir o exemplo de Francisco de Assis, e se fez frade menor na ordem franciscana, colocando-se disponível para a pregação seráfica e a vida de pobreza evangélica. Partiu de Portugal para levar a Boa Nova de Jesus Cristo Salvador.

Antônio de Lisboa foi um pregador eloquente e incansável, sua vida era uma pregação viva, traduzida pelo modo como vivia em simplicidade e oração, mas foi, sobretudo, um homem de fé robusta, traduzida em amor à justiça, à fraternidade e à verdade do Evangelho. A sua palavra profética e a sua presença no meio do povo por onde passava comunicava vida, e, especialmente aos pobres sem esperança, ele transmitia a esperança evangélica.

Viveu parte de sua vida em missão pelo norte da Itália, e com apenas 26 anos de idade foi eleito Provincial dos Franciscanos do norte da Itália, eleito em capítulo na presença do pai fundador Francisco de Assis, a quem gostava de chamar-lhe de “meu bispo”, mas seu desejo era pregar e rumou pelos caminhos da Itália setentrional, praticando a caridade, catequizando o povo simples, dando assistência espiritual aos enfermos e excluídos e até mesmo organizando socialmente essas comunidades.

Pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades, onde se disseminaram filosofias heréticas. Ele viajou por muitas regiões da Itália e, por três anos, andou pelo Sul da França, principal foco dessas heresias. Antônio viveu, sobretudo os seus últimos anos, em Pádua. Aí trabalhou sem se poupar pela causa de Jesus Cristo; foi amado e respeitado pelo seu saber e pelo seu amor aos pobres. O povo chamava-lhe “o santo”, porque Antônio era um espelho da ternura e do perdão de Deus.

Os paduanos consideram-no o seu santo padroeiro, e os portugueses orgulham-se de ver um filho da sua pátria – Fernando – tão universalmente amado, mas Antônio é um santo sem fronteiras, porque quem é verdadeiramente grande supera os limites geográficos e nacionais.

Filho de Deus e membro da Igreja, Santo Antônio de Lisboa é também Santo Antônio de Pádua, e do Brasil, mas é, sobretudo, um santo popular e da igreja universal. No final de sua vida, Santo Antônio, que era portador de hidropisia maligna (doença que causa retenção de líquido no organismo, fazendo com que a pessoa fique inchada), sentiu que a hora de se encontrar com o Senhor se aproximava, desejou ir para a igreja de Santa Maria, mas estando muito debilitado parou em Arcella, que se encontra às portas de Pádua. Aos 36 anos, na sexta-feira do dia 13 de junho de 1231, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de “casa espiritual”, morreu após pronunciar as palavras: “Video Dominum Meum” (Vejo o meu Senhor!)

Seu culto é um dos mais populares, e foram tantos os milagres ocorridos que, onze meses após sua morte, fora canonizado pelo Papa Gregório IX na cidade de Espoleto. Em 1263, quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta, e continua intacta até hoje numa redoma de vidro na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde estão seus restos mortais.

Mais tarde, em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal. E, em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo Antônio “Doutor da Igreja”, com o título de “Doutor Evangélico”. Santo Antônio não perdeu sua atualidade e é invocado pelo povo cristão até hoje. Rendemos graças ao Altíssimo e sumo bem pelo testemunho evangélico e apostólico do glorioso frei Antônio, Santo doutor da Igreja, ilustre irmão da Ordem dos Frades Menores, fiel seguidor de Jesus Cristo nas pegadas do Poverello de Assis.

Viva Santo Antônio, o Santo querido, que interceda junto de Deus pela concórdia, pela paz e pela justiça na cidade do Rio de Janeiro!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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