É tempo de crer

23 de junho de 2016 Notícias


Entre as várias solenidades que marcam a retomada pós-pascal do Tempo Comum, o 9º Domingo desse tempo nos apresenta no Evangelho (Lc 7,1-10) a figura de um centurião que é modelo de muitas virtudes: fé, humildade, confiança no Senhor. A liturgia conservou as suas palavras na Santa Missa: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada… Jesus ficou admirado com a atitude desse homem e, depois de conceder-lhe o que lhe pedia – a cura de um dos seus servos –, virando-se para a multidão que O seguia, disse: Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé.

Interessante é que não se dirige ao Senhor pedindo por ele, e sim pelo seu empregado. Além disso, chegados a Jesus, os anciãos dos judeus rogaram-lhe encarecidamente dizendo: Ele merece que lhe faças isso, pois aprecia o nosso povo e foi ele que nos construiu a sinagoga. E depois, quando o Senhor está já perto da sua casa, envia-lhe novamente uns amigos para dizer-lhe que não se incomode em ir até ele, que basta que assim o deseje para que o seu criado fique curado.

Essas atitudes de fé arrancam a admiração de Jesus, como ele disse: “Também eu estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: Vai, ele vai; e a outro: Vem! ele vem; e ao meu empregado: Faze isto!, ele o faz” (Lc 7, 8). A lógica é clara e a argumentação é notável.

O ensinamento mais importante desse texto evangélico é a fé do centurião; a qualidade daquela fé! Ele acreditou em Jesus. O Mestre já tinha dito: “em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: arranca-te e joga-te no mar, sem duvidar no coração, mas acreditando que vai acontecer, então acontecerá” (Mc 11,23). O dito de Jesus quer dizer que a fé faz superar todos os obstáculos; que entre o que Deus pede ao homem com a fé e aquilo que Ele está disposto a lhe dar há a mesma desproporção que existe entre um grãozinho de mostarda e um monte que se desloca.

Neste Evangelho, vemos um caso nítido de intercessão, ou seja, o centurião pede para o Senhor que seu empregado fique curado. Os Santos desempenham este papel, ou seja, os santos já gozam da bem-aventurança eterna, que são para aqueles que são amigos de Deus. Os santos são os nossos grandes aliados e intercessores, atendem sempre as nossas súplicas e rezam conosco diante de Deus. Deus honra-os e glorifica-os através dos milagres pelos quais intercedem.

A devoção aos santos é parte da fé católica e sempre foi vivida na Igreja. O Concílio Ecumênico Vaticano II diz-nos que: “convém, portanto, sumamente que amemos esses amigos e co-herdeiros de Jesus Cristo, além disso, nossos irmãos e exímios benfeitores; que rendamos as devidas graças a Deus por eles, que os invoquemos humildemente e recorramos às suas orações, à sua intercessão e ao seu auxílio. Temos amigos no Céu, recorramos à sua intercessão no dia de hoje, e nos prestarão grandes ajudas para realizarmos com retidão os nossos afazeres, para enfrentarmos com galhardia as coisas que mais nos custam.

Os Santos intercedem por nós no Céu, alcançam-nos graças e favores, pois – como comenta São Jerônimo – se quando estavam na Terra “e tinham motivos para se ocuparem de si próprios, já oravam pelos outros, quanto mais depois da coroa, da vitória e do triunfo”.

Que a Palavra de Deus no Evangelho deste domingo nos ajude a crer de maneira simples e corajosa, ousar em matéria de fé, pedir “sem duvidar”. Nossa fé é, muitas vezes, somente intelectual, muito cerebral; consistindo em crer que aquilo que Deus falou seja verdadeiro (crer na veracidade de Deus), o que é importante, mas muitas vezes falta-nos crer que o que prometeu acontecerá (crer no poder de Deus). Revistamo-nos da humildade do centurião, com aquelas palavras que ele foi o primeiro a dizer e que atravessaram os séculos até nós: Senhor, não sou digno; mas abracemos também sua fé: Dize somente uma palavra e eu ficarei curado.

Unidos à Virgem Maria, neste final do mês de maio, concluamos a reflexão invocando o Senhor com as palavras da liturgia: “Deus eterno e todo-poderoso, que pela glorificação dos santos continuais a manifestar o vosso amor por nós, concedei que a sua intercessão nos ajude e o seu exemplo nos anime a imitar fielmente o vosso Filho”. (Liturgia das Horas, Comum dos Santos. Oração para vários santos).

Fonte: http://arqrio.org/formacao/detalhes/1248/e-tempo-de-crer

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