ANGELUS
Praça de São Pedro – Domingo, 29 de outubro de 2017
Caros Irmãos e Irmãs, Bom dia!
Neste domingo, a liturgia nos apresenta uma passagem evangélica curta, mas muito importante. O evangelista Mateus relata que os fariseus se reúnem para testar Jesus. Um deles, um doutor da lei, dirige a ele esta pergunta: “Mestre, na Lei, qual é o grande mandamento?” É uma pergunta insidiosa, porque mais de seiscentos preceitos são mencionados na Lei de Moisés. Como distinguir, entre todos estes, o grande mandamento? Mas Jesus não hesita e responde: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente”. E ele acrescenta: “Amará o teu próximo como a ti mesmo”.
Esta resposta de Jesus não é algo que se deduz automaticamente, porque entre os múltiplos preceitos da lei judaica, os mais importantes eram os dez mandamentos, comunicados diretamente por Deus a Moisés, como condição do pacto de aliança com o povo. Mas Jesus quer fazer entender que sem o Amor por Deus e pelo próximo não existe verdadeira fidelidade a esta aliança com o Senhor. Tu podes fazer coisas boas, cumprir todos os preceitos, tantas coisas boas, mas se tu não tens amor, isto não serve.
Isso é confirmado por outro texto do Livro do Êxodo, conhecido como o “Código da Aliança”, onde se diz que não se pode aguentar a Aliança com o Senhor e maltratar aqueles que desfrutam de sua proteção. E quem são estes que desfrutam de sua proteção? Diz a Bíblia: a viúva, o órfão, o estrangeiro, o migrante, isto é, as pessoas mais sozinhas e indefesas. o responder aos fariseus, Jesus também tenta ajudá-los a colocar ordem em sua religiosidade, distinguindo aquilo que realmente é importante, daquilo que é menos importante. Jesus diz: “A partir desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. Eles são os mais importantes, e outros dependem desses dois. E Jesus viveu exatamente assim a sua vida: pregando e fazendo aquilo que realmente é importante e é essencial, isto é, o amor. O amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho de fé: sem o amor, quer a vida quer a fé permanecem estéreis.
O que Jesus propõe nesta passagem evangélica é um ideal maravilhoso que corresponde ao desejo mais autêntico de nosso coração. De fato, nós fomos criados para amar e sermos amados. Deus, que é amor, nos criou para tornar-nos partícipes da sua vida, para sermos amados por Ele e para amá-lo, e para amar com Ele todas as outras pessoas. Este é o “sonho” de Deus para o homem. E, para realizá-lo, precisamos de sua graça, precisamos receber em nós a habilidade de amar, que vem do próprio Deus. Jesus se oferece a nós na Eucaristia precisamente para esse propósito. Nela, nós recebemos o seu Corpo e o seu sangue, isto é, recebemos Jesus na expressão máxima de seu amor, quando Ele ofereceu a si mesmo ao Pai para a nossa salvação.
Que a Virgem Santa nos ajude a acolher em nossa vida o grande mandamento do amor de Deus e do próximo, pois se o conhecemos desde pequeno, nunca deixaremos de nos converter a ele, para colocá-lo em prática nas diversas situações em que nos encontramos