Palavra do Papa – 13 de maio de 2018

REGINA COELI

Praça de São Pedro  –  Domingo, 13 de maio de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, na Itália e em muitos outros países, celebra-se a solenidade da Ascensão do Senhor. Esta passagem contém duas direções. Por um lado, a Ascensão dirige nosso olhar ao céu, onde Jesus glorificado se senta à direita de Deus. Por outro, recorda-nos o início da missão da Igreja: Jesus ressuscitado e elevado ao céu envia seus discípulos a difundir o Evangelho por todo o mundo. Portanto, a Ascensão nos incita a olhar para o céu e, em seguida, imediatamente para a terra, realizando as tarefas que o Senhor ressuscitado nos confia.

É isso que nos convida a fazer a passagem do Evangelho de hoje, na qual o evento da Ascensão vem imediatamente após a missão que Jesus confia aos discípulos. É uma missão sem limites – isto é, literalmente sem limites – que excede as forças humanas. De fato, Jesus diz: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura”. Parece realmente muito ousado a tarefa que Jesus confia a um pequeno grupo de homens simples e sem grandes habilidades intelectuais! No entanto, esta empresa esparsa, irrelevante para as grandes potências do mundo, é enviada para levar a mensagem de amor e misericórdia de Jesus a todos os cantos da terra.

Mas esse projeto de Deus só pode ser alcançado pelo poder que o próprio Deus concede aos apóstolos. Nesse sentido, Jesus assegura-lhes que sua missão será sustentada pelo Espírito Santo. E assim ele diz: “Vocês receberão força do Espírito Santo que virá sobre vocês, e vocês serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”. Assim, esta missão pôde se tornar realidade, e os apóstolos começaram este trabalho, que foi então continuado por seus sucessores. A missão confiada por Jesus aos Apóstolos continuou ao longo dos séculos e continua até hoje: requer a colaboração de todos nós. De fato, cada um, em virtude do batismo que recebeu, é capacitado de sua parte a proclamar o Evangelho. Há precisamente no Batismo, aquilo que nos fortalece e também nos impele a ser missionários, a proclamarmos o Evangelho.

A Ascensão do Senhor ao céu, enquanto inaugura uma nova forma de presença de Jesus entre nós, pede-nos para termos olhos e coração para encontrá-lo, para servi-lo e testemunhá-lo aos outros. Trata-se de ser homens e mulheres da Ascensão, isto é, buscadores de Cristo ao longo dos caminhos do nosso tempo, levando a sua palavra de salvação até os confins da terra.   Nesta jornada, encontramos o próprio Cristo nos irmãos, especialmente nos mais pobres, naqueles que sofrem em sua própria carne a dura e mortificante experiência da velha e da nova pobreza. Como no princípio Cristo ressuscitado enviou os seus apóstolos com o poder do Espírito Santo, hoje ele envia todos nós, com a mesma força, para fazer sinais concretos e visíveis de esperança. Porque Jesus nos dá esperança, ele foi para o céu e abriu as portas do céu e a esperança de que chegaremos lá.

A Virgem Maria que, como Mãe do Senhor que morreu e ressuscitou, animou a fé da primeira comunidade de discípulos, ajude também a nós a manter “os nossos corações ao alto”, como nos exorta a fazer a Liturgia. E ao mesmo tempo nos ajude a ter “os pés no chão” e a semear com  coragem o Evangelho nas situações concretas da vida e da história.